sábado, 12 de dezembro de 2009

O mundo real dos games musicais

Nos intervalos das aulas na escola de música mais conceituada, não é raro você se deparar com alunos, professores ou até mesmo funcionários jogando um dos games mais febris do momento.

Um garoto de 14 anos, deixou de jogar video-game na sala de casa e ganhou um prêmio de 7 mil dólares na China.

Um garotinho de 7 anos, quer ganhar de seu pai uma guitarra Gibson.

O que essas três frases têm em comum?

Um mundo virtual que cada dia mais está se confundindo com o real e a passos cada vez mais rápidos serão colaborativos entre sim, e uma simples tarefa, como aprender música ou jogar um video-game vão estar tão relacionados como aprender inglês e assistir a um filme sem legendas.


Quando a diretora da Escola de Música e Tecnologia (EM&T), Mônica Lima, resolveu colocar na sala de descanso de suas unidades os jogos da série Guitar Hero e Rockband, ela não estava somente querendo dar um passatempo para os alunos matriculados nas cinco unidades que fazem parte da rede.
Ela estava aproveitando o interesse da garotada pelo game mais popular do momento para desenvolver no mundo virtual a atenção e o gosto pela música no mundo real que o aluno precisa para levar pra dentro da sala de aula.
“Em uma das unidades, dentro do Colégio Pueri Domus, depois das férias, aconteceu uma coisa muito engraçada, um aluno que já estava há um ano fazendo aula e não ia pra frente, não se desenvolvia, não se interessava muito, voltou tocando e sacando a música, o professor falou, o que aconteceu? Pegou gosto pela guitarra? E o aluno respondeu: Ganhei um Guitar Hero”. Conta Mônica.

Assim há um ano a EM&T começou a perceber o que muitas outras escolas de músicas com certeza também começaram, o quanto a febre de games musicais estão trazendo de volta à salas de aulas alunos que começaram a retomar o gosto pelas guitarras, baterias, baixos e até mesmo por rock clássicos de 30, 40 anos atrás que ressurgiram como gostos de crianças que não viveram esse tempo. “ Eu tive um caso aqui na escola de um pai que veio me procurar, de um aluno de 7 anos, que falou pra ele que queria comprar uma Gibson. Como que um aluno, um menino de 7 anos, pode chegar pro pai e falar que quer comprar uma Gibson? Porque ele viu no video-game. Entendeu? Então o game, ele tá ressuscitando ícones...”

O Grande trunfo da relação do game com as escolas de música não é o aprendizado da técnica, até porque isso não é real no caso da guitarra, já que é muito diferente jogar o game e tocar uma guitarra, mas ajuda principalmente no conhecimento da música, como no caso do garoto que voltou de férias tocando melhor, Monica explica: “Conversando com o professor, o game foi muito importante para o aluno aprender a ouvir a música, então ele começou a prestar atenção no tempo, onde entrava a guitarra, prestou atenção na bateria, e o treino do game, principalmente na parte rítmica né, que é a parte do tempo, ajudou o garoto demais “, mas quando pensamos na bateria o game vem para ajudar um pouco mais “É uma brincadeira, uma diversão, que a gente tá tirando coisa boa dela, entendeu? Ela tá fixando a música na cabeça da molecada, ela resgatou muita coisa importante pra gente, né. Agora você pega a bateria do Rockband, ele tá lá, ele tá treinando o tempo, ele tá prestando atenção ele tá fazendo o pé. De uma certa forma vai ajudar, entre um aluno que vem numa aula uma vez por semana e pegar o instrumento na aula seguinte, se ele passar essa semana no video-game pelo menos, algum contato com a música ele teve, entendeu?”

Para Fábio Jardim tudo começou mais ou menos assim também, como uma brincadeira, algo que foi acontecendo sem querer, sem traçar um objetivo de conquistar um título ou ser um cyber-atleta, como são chamados aqueles que participam mundo afora de competições de games em geral. Fábio é o campeão mundial do World Cyber Games (WCG) 2009 na categoria Guitar Hero – World Tour. Aos 14 anos, ele disputou a final na China: “É realmente muito surpreendente, porque começou como uma brincadeira, e ao longo do tempo se tornou algo muito importante pra mim”.

Ele também se encantou pelo instrumento da guitarra após conhecer o jogo e hoje faz aulas para aprender a tocar o real, além de ter o sonho de tocar também bateria um dia. Apesar de ter tido uma oportunidade tão interessante nesse mundo virtual tão novo, Fábio não pensa em seguir carreira como cyber-atleta, mas imagina-se trabalhando com algo relacionado a games no futuro. Por enquanto para esse prêmio ele já tem planos, que divide claro para satisfazer as necessidades de seu mundo real e virtual, “Eu usarei um pouco comprando jogos que lançarem da franquia de Guitar Hero e Rock Band, o grande resto vou guardar para o futuro, talvez para comprar um carro, ou nos estudos da faculdade”

São várias as oportunidades para aqueles que querem transpor o mundo virtual e trazer para o real as ferramentas e ambientes que julgam necessárias para seu aprendizado, seja através da música ou de outras tecnologias que estão por vir, vide aí o sucesso do console Wii que traz uma interação física capaz não só de entreter mas também propor tratamentos medicinais e uma variedade de pesquisas e utilizações. Vai de cada um se propor a experimentar e se deixar levar pelas novas tecnologias e tendências, você pode estar na sala de sua casa e de repente se descobrir um astro do rock com chances de ganhar campeonatos mundiais, ou ao menos matar aquela velha vontade de se sentir num palco fazendo um solo de guitarra como Van Halen: “Van Halen, a guitarra antes do Van Halen é uma, depois do Van Halen é outra e ponto final, entendeu? O cara não sabe.., você chega numa sala de aula e fala “Pô, você conhece o Van Halen?”, “Que que é isso?”, “Como o que que é isso?”, “Vem cá que eu vou te mostrar o que que é isso”, E a molecada pira, porque é atual, é bom, entendeu?” ressalta Mônica.

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